Abrir um negócio é o sonho de muitas pessoas e isso faz com que muitos ingressem no mercado em um salto de impulso, escolhendo plataforma e nicho sem pensar muito e seguindo apenas a intuição.
A facilidade de criar uma loja virtual pode ser um dos fatores que faz com que muitos iniciem um negócio sem muito planejamento e pode ser essa falta de estudo, responsável pelo fechamento de aproximadamente 60% das lojas virtuais antes de completar um ano de funcionamento.
Um pouco de pesquisa pode evitar que novos empreendedores sintam-se frustrados após um curto período de operação e abaixo estão alguns tópicos que devem ser estudados minuciosamente:
Mercado e Nicho
Quando o assunto é mercado, é necessário estudar a fundo para entender se a realidade condiz com a ideia do empreendedor.
É natural que o empreendedor use suas experiências quando pensa em uma ideia de negócio, mas muitas vezes a experiência como consumidor não reflete em nada a realidade de um empreendedor do segmento.
Alguns mercados movimentam milhares de reais anualmente, enquanto outros movimentam bilhões.
Alguns já estão saturados e possuem líderes de mercado muito consolidados, que conseguem trabalhar com margem de lucro negativa e podem “quebrar” qualquer microempreendedor que decida entrar no mercado.
Saber quem são os líderes do mercado em que o empreendedor deseja se inserir é essencial. Saber se o mercado é prioritariamente nacional ou internacional, se os produtos são nacionais ou importados, quais tipos de impostos estão relacionados e qual a legislação vigente sobre as transações que pretende realizar, são alguns dos conhecimentos primários para evitar surpresas negativas.
Alguns mercados são baseados em necessidades, como alimentação, higiene, saúde, enquanto outros são baseados em desejos como joias, tecnologia, cosméticos, roupas, viagens…
Alguns mercados atuam com vendas em quantidade, como é o caso das lojas de lingeries, roupas, calçados, semijoias e folheados no atacado, enquanto outras trabalham com vendas no varejo nesses e em outros segmentos.
Há o mercado B2C, onde as vendas são destinadas ao consumidor final e o mercado B2B, onde as vendas são destinadas para outras empresas.
Tudo isso deve ser analisado criteriosamente antes do negócio começar.
Público Alvo
Após compreender o nicho e o mercado em que se pretende atuar, o empreendedor deve se concentrar em definir o público alvo.
Algumas questões que devem ser levantadas:
Localização do público
Público micro-local
É possível trabalhar com um negócio de bairro como uma padaria, casa de bolos, horti-frutti, petshop, entre outros, que visem atender um público local.
Ter um negócio de rua, ainda que com pouco espaço físico, pode ser uma excelente opção de empreendimento, se for escolhido um bom ponto comercial.
Alguns prédios possuem milhares de moradores e às vezes, o público de apenas uma rua é o bastante para fazer com que um empreendimento faça muito mais do que pagar as contas.
Público local
Também é perfeitamente possível ter um negócio local em uma esfera um pouco maior, atendendo o público de uma cidade ou até mesmo de algumas cidades próximas.
Academias, supermercados, restaurantes, clínicas odontológicas ou médicas, advogados, detetives particulares e outros profissionais liberais são ótimos exemplos de microempresários e micro empreendimentos que faturam muito bem, sem precisar, necessariamente, expandir os negócios para mais regiões.
Público Nacional
Atualmente, qualquer pessoa pode ter um negócio com abrangência nacional, como é o caso dos e-commerces, por exemplo.
Bruna Bozano, CEO da Joias Boz, fala um pouco sobre o tema:
“Há uma década atrás, algumas pessoas nem imaginariam comprar joias pela internet. A experiência de ir a uma joalheria era, além de tudo, glamorosa e muito especial. Hoje, as pessoas valorizam o tempo mais do que qualquer outro recurso e sempre que pensam na ideia de enfrentar o trânsito, abastecer o carro, andar por lugares quentes e muitas vezes correr risco nas ruas, entendem que a praticidade, comodidade e segurança superam qualquer glamourização ou status, tão valorizado anteriormente. Além disso, muitos homens sempre se sentiram desconfortáveis em momentos de compras e agora encontram muito mais facilidade em realizar as compras. No dia dos namorados, por exemplo, é natural que o e-commerce venda centenas de modelos de braceletes femininos e muitas unidades de um simples colar de coração. O motivo é que os homens se sentem à vontade para comprar semijoias pela internet e diversas vezes, enviam para outras cidades ou estados, quando suas namoradas não moram próximas às sua localidades.”
Além da escolha da localização do público, também é importante definir outros pontos como:
- Sexo;
- Faixa etária;
- Perfil econômico;
- Estilo de vida.
Quanto mais seleto for o público, melhor será a comunicação da empresa e da marca, e dessa forma é muito mais fácil obter resultados.
Fazer todas essas pesquisas e tomar essas decisões não é algo simples, mas certamente o momento pré-início é o melhor momento para realizar esse trabalho, que não termina com as respostas das questões acima.
Ainda é necessário definir outros pontos como:
- Plataforma (seja física ou online);
- Estratégia (marketing, comunicação, publicidade, administração);
- Investimento (aplicação inicial, custos fixos, capital de giro, compras, publicidade e marketing);
- Riscos (físicos locais, problemas pessoais e de saúde, processos e questões burocráticas, concorrentes, entre outros).
Realizando todas as pesquisas e consolidando as informações antes de iniciar o negócio, torna-se muito mais provável que os cenários de dificuldade que poderiam se apresentar ao longo da jornada empreendedora estejam previstos e dessa forma pode-se passar pelos momentos de decisão com muito mais segurança e estabilidade.
É possível que o tempo de estudo e planejamento desmotive muitos empreendedores antes do início do negócio, mas aos que conseguirem realizar a análise de forma cuidadosa e paciente, o sucesso será muito mais provável e a jornada do cliente (e do seu negócio) muito menos assustadora.